A máquina repressora do “estado de direito” se manteve quieta
no sábado 28. A Marcha da Liberdade seguiu seu caminho sem
problemas, do vão central do MASP até a Praça da República, em São Paulo. A
manifestação tinha sido novamente proibida por um desembargador, que alegava
apologia ao uso de drogas.
Anteriormente, se chamava Marcha da Maconha. É um movimento
que propõe mudar uma lei: a que criminaliza o uso da maconha. Os simpatizantes
marchariam pelo direito democrático que dá ao cidadão a liberdade de reivindicar
pacificamente a mudança de uma lei.
O Poder Judiciário viu nisso a semente da desordem e mandou
a polícia descer o sarrafo, caso alguém saísse em caminhada pela causa. Foi o
que aconteceu no sábado 21. Manifestantes e jornalistas apanharam. No meio da semana, o governador Geraldo
Alckmin reconheceu o abuso da tropa.
Durante a semana, a manifestação mudou de nome e passou a se
chamar Marcha da Liberdade. No sábado 28, Alckmin mandou a PM acompanhar e
ajudar a organizar o trânsito. Só isso.
Deu tudo certo. Como o evento continuava proibido pela
justiça, deu-se um jeitinho e a marcha subiu a Paulista e desceu a Consolação.
Paz e Amor
O aparato repressor do Brasil democrático foi criado durante
a ditadura. Pouco evoluiu de lá pra cá. Virou um monstro de mil cabeças: caro, corrupto,
incompetente e antiquado.
Muitos policiais se esforçam para mudar a imagem e a prática
na corporação, mas ela continua trabalhando para fazer o que foi programada
para fazer quando nasceu. É uma regra interna, como um código de DNA.
Como não dá pra reinicializar o sistema, passar a régua e
começar de novo, vão ajustando aos poucos, bem aos poucos.
O Poder Judiciário e o aparato repressor trabalham em sincronia,
se ajustam. Um é a calça e o outro é a camisa do “sistema”. Os dois foram
feitos para proteger quem manda e colocar na linha quem não obedece.
Por isso a marcha foi reprimida. Pelo seu potencial
transformador, pela sua regra interna revolucionária. O poder constituído tem pavor dos movimentos que vem de baixo, que amergem em meio a mesmice.
Esse movimento começou com meia dúzia de estudantes
distribuindo panfletos. Tomou proporção nacional ao longo do tempo.
Para a felicidade geral, no sábado 21 o poder judiciário e seus comandados haviam dado uma
enorme contribuição para o sucesso da causa. A Justiça mandou reprimir quem só queria saber de paz e amor. E a marcha ganhou o noticiário, visibilidade e legitimidade social. Tudo o que o aparato de controle social não queria.
Paz e amor é demais pra eles, sempre foi, desde a revolução
francesa, desde a descoberta da roda.
Paz e amor derruba estruturas, cria novas referências,
movimenta a inteligência coletiva, cria a emergência coletiva.
Essa marcha vai longe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário