sábado, 28 de maio de 2011

A liberdade é uma delícia


A máquina repressora do “estado de direito” se manteve quieta no sábado 28. A Marcha da Liberdade seguiu seu caminho sem problemas, do vão central do MASP até a Praça da República, em São Paulo. A manifestação tinha sido novamente proibida por um desembargador, que alegava apologia ao uso de drogas.
Anteriormente, se chamava Marcha da Maconha. É um movimento que propõe mudar uma lei: a que criminaliza o uso da maconha. Os simpatizantes marchariam pelo direito democrático que dá ao cidadão a liberdade de reivindicar pacificamente a mudança de uma lei.
O Poder Judiciário viu nisso a semente da desordem e mandou a polícia descer o sarrafo, caso alguém saísse em caminhada pela causa. Foi o que aconteceu no sábado 21. Manifestantes e jornalistas apanharam.  No meio da semana, o governador Geraldo Alckmin reconheceu o abuso da tropa.
Durante a semana, a manifestação mudou de nome e passou a se chamar Marcha da Liberdade. No sábado 28, Alckmin mandou a PM acompanhar e ajudar a organizar o trânsito. Só isso.
Deu tudo certo. Como o evento continuava proibido pela justiça, deu-se um jeitinho e a marcha subiu a Paulista e desceu a Consolação.

Paz e Amor

O aparato repressor do Brasil democrático foi criado durante a ditadura. Pouco evoluiu de lá pra cá. Virou um monstro de mil cabeças: caro, corrupto, incompetente e antiquado.
Muitos policiais se esforçam para mudar a imagem e a prática na corporação, mas ela continua trabalhando para fazer o que foi programada para fazer quando nasceu. É uma regra interna, como um código de DNA.
Como não dá pra reinicializar o sistema, passar a régua e começar de novo, vão ajustando aos poucos, bem aos poucos.
O Poder Judiciário e o aparato repressor trabalham em sincronia, se ajustam. Um é a calça e o outro é a camisa do “sistema”. Os dois foram feitos para proteger quem manda e colocar na linha quem não obedece.
Por isso a marcha foi reprimida. Pelo seu potencial transformador, pela sua regra interna revolucionária. O poder constituído tem pavor dos movimentos que vem de baixo, que amergem em meio a mesmice.
Esse movimento começou com meia dúzia de estudantes distribuindo panfletos. Tomou proporção nacional ao longo do tempo.
Para a felicidade geral, no sábado 21 o poder judiciário e seus comandados haviam dado uma enorme contribuição para o sucesso da causa. A Justiça mandou reprimir quem só queria saber de paz e amor. E a marcha ganhou o noticiário, visibilidade e legitimidade social. Tudo o que o aparato de controle social não queria.
Paz e amor é demais pra eles, sempre foi, desde a revolução francesa, desde a descoberta da roda.
Paz e amor derruba estruturas, cria novas referências, movimenta a inteligência coletiva, cria a emergência coletiva.
Essa marcha vai longe.

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