Principais trechos da entrevista que concedi ao jornalista
Jair Stangler, do Estadão. Para acessar a integra do material clique aqui. Não esqueça: quarta feira 22, lançamento da
pesquisa O Aço da Devastação.
Corrupção no governo do Pará: A gente tem o trabalho
escravo, devastação ilegal e corrupção. Corrupção ativa e passiva. E aí você
tem pequenas carvoarias que estão sendo usadas como fachadas para esquentar
carvão, e você tem uma quadrilha que opera nos porões da secretária de Meio
Ambiente do Estado do Pará. E essa quadrilha foi muito fortalecida ao longo dos
últimos anos. No governo do PT, ela cresceu muito no governo da Ana Júlia. E
ela permanece no governo hoje do PSDB. Ela transcende agremiações políticas.
Ela sobrevive a partidos, a governos, a gestões.
Siderúrgicas e crimes ambientais: Devastação ilegal, roubo
de madeira de terra indígena, contaminação do meio ambiente, e aí você tem
grilagem de terra e você tem assassinatos. Quer dizer, as pessoas estão sendo
assassinadas para que esse esquema continue de pé. O Zé Cláudio, a mulher dele,
toda essa turma que foi assassinada lá nas últimas semanas, eles morreram
porque denunciavam a devastação ambiental para produzir carvão e para produzir
madeira.
Assassinatos: Elas não sujam a mão de sangue. Elas
financiam. As siderúrgicas têm responsabilidade diretas por esses assassinatos.
Eu não estou dizendo que eles não têm responsabilidade. Eles são diretamente
responsáveis por esses crimes na medida em que financiam as empresas que
desmatam e usam trabalho escravo. Isso precisa ficar bem claro. Eu não estou
dizendo que eles mandam matar. Eles só financiam quem patrocina os
assassinatos.
Vale S/A: A Vale tem uma história de responsabilidade social
e empresarial que deve ser levada em conta. Ela tem um poder enorme de
influência sobre o governo, sobre outras empresas e tal. A Vale assinou em 2008
um acordo com o Ministério Público que não iria mais fornecer minério de ferro
para as empresas ligadas ao desmatamento. Com essa pesquisa eu conversei com a
Vale e a Vale me disse que vai apurar. Eu acho bacana a Vale apurar e ela se
colocar diante disso. Ou seja, como ela vê essa questão, e como é que ela vai
se posicionar depois do lançamento da pesquisa. Porque ela disse “a gente não
tem dados suficientes, a pesquisa ainda não foi lançada, mas de imediato eu
posso garantir que nós vamos apurar”. É o que eu espero, que a Vale tome a
postura correta, pelo tamanho que ela tem, pela influência nacional e
internacional.
Estado financiador: O MPF está acusando o BNDES e o BB de
emprestarem dinheiro para as empresas que estão devastando a floresta, usando
trabalho escravo na cadeia produtiva. É um exemplo do Estado cúmplice do
processo predatório. No meu entender não pode. O Estado e as empresas públicas,
e os bancos públicos eles não podem financiar a devastação ambiental, é
absolutamente inaceitável você ter o BB e o BNDES financiando trabalho escravo.
Não pode acontecer, de forma alguma. Precisa mudar, precisa ficar mais atento.
E precisa aprovar a PEC do trabalho escravo.
Colarinho branco: É muito poder, é muita grana. Eles
controlam, eles dominam a região. Eles mandam e desmandam. E aí você tem desde
a influência econômica dos altos escalões, a compra, a corrupção e na linha de
frente, na linha mais baixa, você tem a pistolagem. Ou seja, ou você se
enquadra ou nós vamos passar fogo mesmo. É tudo o mesmo esquema, é tudo o mesmo
negócio. Seja a alta corrupção, o crime do colarinho branco, ou a pistolagem, é
tudo para beneficiar os esquemas de devastação ambiental.
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