terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Os agentes secretos da devastação

As últimas semanas foram tensas no assentamento Esperança, nas margens da Rodovia Transamazônica, em Anapu (PA).
Primeiro, os agricultores fecharam a estrada para os madeireiros não entrar. Depois, os madeireiros é que fecharam a estrada, em protesto contra a ação dos agricultores.  
Esperança é o assentamento onde mataram a Irmã Dorothy Stang em 2005. De lá pra cá, nada mudou. A região continua sendo controlada por pistoleiros a serviço dos coronéis da política regional, os donos do pedaço.
De forma isolada, como saiu na imprensa, o caso relatado acima não traz nenhuma novidade. É sempre a mesma história.
Contudo, se for visto em perspectiva, mostrará um movimento importante nas peças da política local. Os coronéis estão apertando o cerco para retomar as rédeas da devastação ambiental em Anapu.
Em 2010, os desmatadores conseguiram afastar o delegado do Ibama que atuava na região. O lobby pelo afastamento do delegado foi liderado pela própria governadora do estado, Ana Julia. Ela escreveu uma carta ao presidente do Ibama, em Brasília, pedindo a cabeça do servidor, que atuaria, segundo a governadora, “contra o desenvolvimento da região”.  Ana Júlia escreveu a carta a pedido de um dos chefes da Máfia da Sudam, que desviou R$ 132 milhões de projetos de desenvolvimento para a região.
Por essas e outras, o assentamento Esperança não pode ser visto de forma isolada.
Por ali passa a artéria que irriga um dos mais importantes grupos criminosos da Amazônia, um consórcio formado por empresários, políticos e funcionários da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, agentes a serviço da indústria da devastação ambiental (mais ou menos como nos filmes de espionagem, só que de verdade).
O caso virá a tona no dia 17 de fevereiro, quando será lançada em São Paulo uma edição especial da revista Observatório Social. É uma revista inteira dedicada ao assunto. De autoria desse jornalista, em parceria com o repórter e fotojornalista Sérgio Vignes, a reportagem vai mostrar porque três fatos aparentemente isolados devem ser vistos como parte do mesmo esquema:
1: O desvio de R$ 132 milhões pela Máfia da Sudam;
 2: O assassinato da missionária Dorothy Stang;
3: O desvio de milhares de metros cúbicos de madeira para produzir carvão para a indústria mundial do aço.
Em breve, mais detalhes aqui no blog.

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Um comentário:

  1. Sergio Vignes, meu companheiro de café na Lagoa! Saudades suas tb, Marques. Vou colocar o seu blog nos favoritos da casa aqui. Abrazzzz

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